Solo pode ser considerado um filme sombrio, de alguém que contempla de sua janela um
mundo que não mais lhe pertence e que não mais entende. É um filme de alguém
que caminha da solidão para as trevas. Embora com humor, sarcasmo e
sofisticada ironia este filme fala de perplexidade e desespero.
Fragmentado, por vezes dispersivo, esse testemunho de um paulista na ultima
meia idade, de boa família de um bairro nobre, não deixa de ser uma reflexão
que nos engloba a todos que moramos nesta cidade de S.Paulo e que
freqüentemente a vemos como um pesadelo.
É um filme no estilo de uma confissão um jato de palavras impossível de
interromper, de alguém que entrega para a camera e para os espectadores os
medos e as angustias mais profundas.
Tecnicamente o filme é simples. Um homem sentado falando para a câmera. Por
trás dele, como fundo, imagens vão ilustrando seu pensamento confirmando-o
ou contrariando-o.
Essas imagens nesse fundo terão muitas vezes o aspecto delirante que tem os
pensamentos que não acompanham necessariamente as palavras que falamos.
A justificativa maior desse filme reside na escolha de uma aparente
simplicidade técnica para servir um texto que fala da vida de maneira
contundente.